Há 15 anos, quando Mailton Alves Albuquerque, 35
anos, e Wilson Alves Albuquerque, 40, se apaixonaram e começaram uma relação
homoafetiva que dura até hoje, não imaginavam provar do sentimento que vivem
atualmente. Graças a uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que
atualiza as normas relativas à reprodução humana assistida, os empresários se
tornaram o primeiro casal de homens do Brasil a ter um filho por meio de
fertilização in vitro e registrado pela Justiça.
O fruto dessa união estável – que foi convertida
em casamento civil pela Justiça pernambucana no dia 24 de agosto do ano passado
– chama-se Maria Tereza e completou um mês de vida na última quarta-feira.
Casados e agora com uma filha registrada com o nome dos dois pais, Mailton e
Wilson dão um passo importante na consolidação das chamadas novas configurações
familiares.
A primeira redação da resolução do CFM que trata
da reprodução assistida no País, de 1992, diz que os usuários da técnica devem
ser mulheres estando casadas ou em união estável. Já no novo texto, de janeiro
do ano passado, não cita o sexo, mas “todas as pessoas capazes”. Diante disso,
Mailton e Wilson realizaram o sonho de ter uma família completa e trouxeram a
pequena Maria Tereza ao mundo.
Os dois cederam espermatozoides para serem
fecundados em óvulos de um banco de doadoras. Como a resolução afirma que o
útero de substituição deve ser de um parente de até segundo grau, a prima de um
deles aceitou conceber a criança. Terminou sendo introduzido no útero dela um
pré-embrião fecundado por material colhido de Mailton. Os pré-embriões
fecundados por Wilson estão congelados. O casal pretende dar um irmão ou irmã a
Maria Tereza no próximo ano.
“Nossas famílias sempre apoiaram nosso
relacionamento. E quando contamos da nossa ideia, todas as mulheres da família
se colocaram à disposição para ajudar a realizar nosso sonho: irmãs e primas.
Mas terminou sendo uma prima minha. Agora, temos uma família completa”, contou,
orgulhoso, Mailton.
Segundo ele, a ideia de ter um filho surgiu em
2010, após viajar ao Canadá para estudar e ficar na casa de um casal homoafetivo
que tinha filhos. “Quando voltei, começamos a discutir o assunto e pensávamos em
adotar uma criança. Mas um dia, assistindo a um programa de televisão, vi a
notícia sobre a mudança na resolução do Conselho Federal de Medicina. Aí,
decidimos fazer fertilização in vitro”, relembrou.
A fecundação e introdução no útero ocorreu em uma
clínica de reprodução humana do Recife. O vínculo da criança com a prima que
emprestou o útero terminou já na maternidade, quando os pais saíram da unidade
de saúde com Maria Tereza nos braços. A mulher, que pediu para não ter o nome
divulgado, tomou medicamentos para evitar a produção de leite materno.
Hoje, a pequena Maria Tereza – o nome é uma
homenagem às mães de Wilson e Mailton – tem um quarto só para ela, com direito a
nome na porta, e atenção completa dos dois pais. Para Wilson, a felicidade de
ser pai é “inexplicável”. “A felicidade é tremenda. Nunca pensei que fosse
sentir um amor tão grande. Ter uma família completa é lindo”, desabafou. fonte; jornal do commercio
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