sexta-feira, 27 de julho de 2012

Vereador há 56 anos diz que PMDB impediu sua candidatura no Recife

Do Jornal do Commercio        

“Caciques do PMDB inviabilizaram a minha condição de ser candidato”. Com essa frase, o vereador mais antigo com mandato no Brasil, Liberato Costa Júnior (PMDB), resume por que essa vai ser a primeira eleição municipal desde 1955 sem o decano da Câmara do Recife.
Ele demonstrou, em entrevista ao JC no mesmo dia que formalizou apoio ao candidato a prefeito Geraldo Julio (PSB), que tinha disposição para pleitear novo mandato. Reforçou o apoio do PMDB ao socialista, mas avaliou que foi um erro o PMDB ficar integrado no “chapão proporcional” da Frente Popular (PSB, PSD, PMDB, PTB, PCdoB, PSL, PRB e PSC), o que, avalia, prejudicou o partido. Para ele, se saísse sozinho na proporcional o PMDB elegeria pelo menos dois vereadores e, no chapão, só deve eleger apenas um.
E mais: Liberato considerou que o PMDB, ao tomar essa decisão “impensada”, esqueceu o vereador mais antigo em atividade no País para ser “bucha de canhão, camurim” – ou seja, ajudar a eleger vereadores de outras legendas “Foi uma decisão impensada de alguns caciques e que comprometeu a minha candidatura. Dos candidatos presentes (à convenção do PMDB) eu era o único histórico. Fui fundador do MDB e do PMDB, um dos municipalistas mais tradicionais do Brasil”, disse Liberato, mas sem querer nominar os caciques. Mesmo aos 94 anos, ele deixou claro que gostaria de disputar com chances de se eleger para, com a sua experiência, ajudar o novo prefeito. Alinhados com a Frente Popular também na proporcional, insistiu o mentor do DataLiba, os peemedebistas serão apenas “bucha de canhão”, “camurim”, vão apenas “completar a chapa”, mesmo com candidaturas expressivas como André Ferreira, Jayme Asfora e Jarbas Vasconcelos Filho. Este último, avaliou, só será eleito se o senador Jarbas Vasconcelos “for às ruas”.
Após o café da manhã que simbolizou o seu apoio à candidatura de Geraldo Julio, Liberato cobrou uma posição mais firme do presidente municipal do PMDB, o deputado estadual Gustavo Negromonte, sobre o assunto. “Não foi uma decisão minha, veio de cima. Posso ter cometido o pecado da omissão. De não ter tido a coragem que o senhor teve de registrar em ata que era contra, mas a culpa não foi minha”, tentou se explicar Negromonte. Na convenção, Liberato foi o único que se posicionou de maneira contrária ao partido no “chapão”. “Nenhum dos cinco votos a que tenho direito foi a favor disso”, frisou.

O vereador disse ainda que não guarda rancor da decisão, mas que precisava registrar que a considera prejudicial para o partido, pela perda de representatividade que, avalia, o PMDB sofrerá na Câmara. “Se o PMDB sai sozinho, a gente faria dois vereadores, mesmo sem candidato majoritário. Agora vamos fazer um, se fizermos”, disse. “Não vou ter mandato, mas não vou deixar a política. Não preciso de um mandato para continuar ajudando o Recife”, finalizou.

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